15/10/09

A luta que virou dança (Revista ISTO É)


ISTOÉ - 24/9/2009

Comportamento  
 
A luta que virou dança
Inspirado nas brigas de gangues americanas e ao som de hip-hop, o krump ganha espaço no Brasil

Maíra Magro

 

GESTOS Krump no Rio: coreografia arrojada e movimentos rápidos

Das violentas ruas do bairro South Central, conhecidas pelas brigas de gangues, em Los Angeles, nos Estados Unidos, surgiu uma dança inspirada nos movimentos desses confrontos. Trata-se do krump, uma sucessão de gestos rápidos e agressivos, dançado ao som de um hip-hop, marcado por batidas fortes e pelo timbre grave do baixo. Com passos tão rápidos que os olhos mal conseguem acompanhar, os dançarinos jogam os braços para o alto, lançam o peito para a frente e para trás, batem os pés com força no chão. Agora, 15 anos depois de criado, o gênero começa a se popularizar no Brasil. Muitas vezes a dança é apresentada como uma batalha: ganha quem fizer a variação mais impactante. O competidor provoca o adversário com gestos bruscos ou engraçados. "É a coisa mais interessante que vi nos últimos tempos dentro da dança urbana", diz o coreógrafo carioca Bruno Beltrão.

Nas noites de hip-hop sob o viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte, os bailarinos Leo Garcia, 21 anos, e Marco Túlio Ornellas, 23, exibem sua técnica. "Não é só balançar o corpo, cada passo tem fundamento", diz Garcia. Em junho, um grupo de Santos, litoral de São Paulo, organizou uma batalha de krump em um ringue de boxe, com 24 competidores. Foi batizada de King's Battle (batalha do rei, em inglês).

O prêmio era um cinturão. Durante as apresentações, os organizadores jogavam objetos para o ar - como bolas de futebol, luvas, bonés e bambolês, que os competidores usavam nas sequências. "O objetivo é testar a criatividade", explica o criador do evento, Genival Santana, conhecido como Vall. Na capital fluminense, o bailarino Bruno Duarte, 22 anos, montou uma turma de krump com três amigos. "Você cria um personagem e dança como se contasse uma história", explica.

Um dos precursores do gênero é o ex-gângster Tommy The Clown (Tommy, o Palhaço), que, ao deixar o crime, passou a se apresentar vestido de palhaço em festas infantis. Fazia sucesso dançando uma forma menos agressiva de krump. Famosos dançarinos americanos desenvolveram o estilo como é hoje. Em 2005, o documentário "Rize", do diretor americano David LaChapelle, divulgou a dança em todo o mundo. Um surpreendente - e belo - subproduto, que floresceu onde a violência parecia ser o mais provável destino.

Foto: Daniela Dacorso/Ag. istoé


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